Jaqueline Reyes: Onde anda o foco da sua atenção?

Jaqueline Reyes: Onde anda o foco da sua atenção?

Photo by Bess Hamiti from Pexels

Há dias que venho sendo confrontada e venho confrontando outros com a mesma questão, pois é muito fácil perdemos o rumo quando tudo parece nos solicitar de alguma forma. E nos tempos que correm, quando as notícias boas se perdem no meio de tanto acontecimento complicado é muito importante o foco.

Mas o que é manter o foco? Como manter o foco quando a cabeça parece que funciona sozinha e num ritmo alucinante? Qual foco mesmo?

A vida não pára só porque queremos ou precisamos de uns segundos de sossego. Então, manter o foco requer não só atitude e disciplina, às vezes requer também suplementos e fitoterápicos que um profissional de saúde pode-lhe ajudar a escolher de forma adequada à sua idade e situação, mas é preciso a clareza de perceber que nem sempre vamos lá sozinhos.

O que sugiro é algo bem simples: comece por se perguntar aonde anda o seu pensamento, que tipo de pensamento anda a ter com maior relevância ou em numero de vezes. Consegue mudar o pensamento quando se apercebe que o foco foi desviado? Consegue manter-se centrado quando as pessoas de alguma forma querem “brigar” ou “culpar” a sua pessoa de algo que não lhe pertence? Já se perguntou porque ainda repete este mesmo tipo de situação?

Quando começamos a tomar conta do que andamos a pensar, de onde aqueles pensamentos nos levam, e acordamos para a vida, de forma a não sermos conduzidos pelos pensamentos, mas sermos nós os condutores do que pensamos, esta simples tomada de consciência já é um passo gigante no processo de manter o foco onde se quer. É o primeiro passo, e talvez nem seja difícil de o fazer, mas então vem aquelas situações onde o exterior, e aqui entram pessoas e acontecimentos, que tentam a todo custo nos remover do centro. E como fazem isto? Liga a televisão e veja só noticias ruins, vai perceber como em pouco tempo vai começar a ter problemas para dormir, pode até sentir um aperto no estômago ou coração, e isto ocorre porque dentro de cada um de nós existe em maior ou menor quantidade o medo e a empatia, medo de sofrer e a empatia pela dor do outro. Dois sentimentos perfeitamente normais… mas em tempos de crise o bom senso precisa imperar, então não é se desligar da realidade, mas perceber até onde pode ir com ela, e o que pode fazer para ajudar positivamente a si e aos demais. Esteja atento ao que ouve, lê e vê.

A outra maneira é de sermos abanados do nosso foco. São as pessoas que querem toda a nossa “ajuda”, ou “atenção”, ou “amor”, ou ainda querem ter “razão”… poderia passar um dia a escrever sobre as muitas maneiras criativas que as pessoas usam para “roubarem” energia por meio do papel da vitima e nós os culpados ou maus da fita. Não tenha problema em ser o mau da fita se for para não se envolver nestas situações onde a perda de energia e foco é garantida. Olhe para cada pessoa e veja o que está por detrás daquela ação, ela realmente precisa de ajuda, ou só que mais e mais “atenção”? Não são pessoas más, só estão num processo de falta ou perda de energia, e para repor a energia delas entram nestes papeis e buscam as pessoas que estão aparentemente melhor do que elas. Digo aparente, porque nem sempre aquele que parece calmo está de fato calmo, aquele que parece bem nem sempre está bem, mas ambos estão dando o seu melhor para se manterem centrados. Aqui o dizer “não” é cuidar de respeitar o seu próprio limite é que vai definir a sua capacidade de manter-se focado. Força nisto!

Enquanto pessoa que atua como mãe, profissional de saúde, esposa, filha, irmã, amiga… que vive neste dias o melhor que pode, tenho que aprender a dizer não a todo momento, e para mim o natural é o sim, é o dar, o fazer… e por isto mesmo sei o quão duro é dizer não, é impor limites e estar ausente por escolha dos dramas ou questões que sei aquela pessoa é capaz de o resolver. Para muitos clientes isto pode parecer que os abandonei, mas o fato é que isto os faz se mexerem, e mais de uma vez tive que o fazer e depois estas mesmas pessoas vieram me agradecer, embora tenham naquele momento me “odiado”… ouvi isto uma vez e achei o máximo, porque a pessoa que disse isto era um doce de pessoa mas tinha dentro dela tanto sentimento reprimido em nome do ser bom que finalmente encarou e mudou para melhor. Só esclarecendo que ele já tinha muita ferramenta para sozinho dar estes passos, e que se precisasse de fato eu estaria lá. Então, em nome de nos mantermos centrados e focados, dizer não e impor limite é fundamental, é o amor duro em ação.

Abril vem com muitas aberturas e algumas mudanças, todos andamos querendo sair, viver, ser, estar… mas precisamos de ter o bom senso de manter o foco no que importa: saúde e respeito pelo ser humano que TODOS somos. O seu direito de ir a praia termina onde começa o meu, então que tal irmos saindo aos poucos, voltarmos a vida aos poucos como quem está a descobrir o mundo?

Para cada escolha teremos uma resposta, que possamos escolher o melhor para nós e para os outros nós que fazem parte do mundo que vivemos, de forma que a resposta futura seja fantástica para todos.

Jaqueline Reyes

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