Jaqueline Reyes: Bom senso e água benta…

Jaqueline Reyes: Bom senso e água benta…

Pintura de Banksy.

Bom senso e água benta são dois artigos de luxo, em que cada qual tem o seu, e faz o uso que se deve. E há dias que penso nesta expressão que minha avó costumava usar. E a razão desta lembrança foi ver gente demais nas praias e cafés, sem qualquer tipo de proteção, como mascara ou distancia mínima entre desconhecidos, regras simples que todos podemos seguir para um bem maior que é não disseminar ou colocar-se a jeito para ser contaminado por algo chamado COVID.

Não sou fã nem a favor de histerias, mas é preciso que cada um faça a sua parte e use o bom senso para verificar que em tempos de guerra, é preciso sair preparado. E o que é estar preparado?

Sei que há muita controvérsia sobre o uso ou não de máscaras por pessoas “saudáveis”, mas se ler melhor sobre os países onde as taxas de contaminação foram controladas ou estão controladas, vai verificar que o uso de máscara para todos é obrigatório e que eles usam-nas. E então me explica como se eu fosse muito pouco inteligente, o porquê de ainda vermos pais com crianças sem proteção alguma? Como vemos pessoas de idade a passear pelos supermercados sem proteção alguma? Como expomos nossos filhos e pais a isto? Como nós que somos adultos não usamos o senso comum e o bom senso para ir aos poucos, para evitar as aglomerações, para cobrarmos dos nossos filhos que usem as mascaras devidamente? Qual é o nosso grau de responsabilidade e comprometimento com quem amamos?

Cá em casa somos pais de duas adolescentes, e temos que dizer “não vai sair”, temos que dizer “usem máscaras ao saírem de casa”, “evitem aglomerações”… e elas estão na fase da rebeldia, na fase do sabem tudo melhor do que nós, e todos os pais de adolescentes sabem bem o que é isto. Mas a forma como lidar com isto é simples e direta: responsabilização! A saúde e corpo são delas, e o que elas precisam de saber é que o COVID em si tem muitas variantes ainda desconhecidas, mas o fato é que as sequelas podem ser muitas e danosas, e cada caso é um caso, cada pessoa uma pessoa e uma forma de agir e reagir ao mesmo vírus. Então, bem explicado, o que fica é que cada um é o único responsável pela sua saúde, mas todos somos responsáveis pelo contágio ou disseminação, e queremos ser dos que agem positivamente ou daqueles que agem de forma irresponsável?

Penso que de alguma forma, todos em algum momento vamos ter contacto com o vírus. O que muda é a forma como o iremos encontrar, se mais cedo ou mais tarde, se com um sistema imunitário melhor ou pior, se vamos ao encontro dele ou se o deixamos vir até nós… mas todos em algum momento temos este encontro. Então, que tal ter bom senso e cuidar de si e dos seus?

E onde entra a água benta? Na oração, água benta para a minha avó representava a fé. Fé de quem acredita mas também faz a sua parte, porque não adianta rezar e sair por aí sem máscara, não usar álcool ou desinfetante, não lavar as mãos, não mudar de roupa quando chega em casa depois de uma ida ao supermercado, ou seja, usar as medidas todas de precaução necessárias e adequadas.

Ter fé é ter pensamentos positivos porque a nossa mente cria muitas das nossas realidades, de forma consciente ou inconsciente. É a tal da lei da atração no seu melhor. Então, ficar o tempo todo ouvindo notícias ruins nos faz mais pesados, nos faz mais preocupados, e no fundo só podemos controlar a nós próprios e o que fazemos, e é isto que nos cabe: a nossa parte neste bolo todo.

Cada um fazendo a sua parte, voltando à “normalidade” aos poucos, observando de cuidar de si mesmo e dos seus, é sinal de maturidade e de responsabilidade. Temos saudades de sair livremente? Temos saudades de poder fazer coisas simples sem ter que pensar muito? Temos “direito” de fazer o que nos apetece e como nos apetece?

Se formos por este caminho, vamos entender que tudo é “verdade”. Mas e daí? Isto é mais importante que a sua saúde, isto é mais importante que a saúde dos seus filhos e amigos? Isto é mais importante que a vida que corre na veia de cada pessoa que encontrar no seu passeio, no seu “direito” de sair?

“Bom senso e água benta, cada um tem a que quer”, mas que tal querer mais e melhor para um todo onde você está inserido, e dar o seu melhor para que a vida aconteça bem para todos? Que tal ser um agente do positivo e da luz, que assume seu papel e o desempenha o melhor que pode?

A praia não vai sair do lugar, mas pode ser que as pessoas sim, pode ser que seu filho que confia em você também, pode ser que os mais velhos e os menos capacitados de saúde também, e aí pode ficar é o sentimento de arrependimento do não ter feito o seu melhor.

Neste mês de Junho, onde começamos com uma celebração da criança, gostava que cada um lembrasse que é responsável, não só pelas suas crianças, mas por todas as crianças que existem no mundo e no fundo os mais velhos são como crianças, só que com outras roupagens, com mais rugas e por vezes mais teimosias… mas todos os adultos somos responsáveis por estas crianças e o bem estar de cada uma delas.

Que cada um possa dar o seu melhor a vida e pela vida.

Jaqueline Reyes

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