E quando o melhor balanço é… não fazer balanços?

E quando o melhor balanço é… não fazer balanços?

Uma amiga disse-me, num misto de desalento e de sarcasmo, que nesta altura do ano todo o “bicho careto” relacionado com a área do desenvolvimento pessoal recomenda “alto e bom som” que se faça um balanço do ano que passou.

O seu desânimo fez entoar algumas campainhas na minha própria cabeça. Logo eu, envolvida nesta área há tantos anos, olhei para mim como um belo espécime-exemplo para esta importante questão: eu não tinha qualquer intenção de fazer um balanço de 2018!

Retrocedamos um momento: balanços para quê? Para recordar o que foi bom, o que foi mau e o que foi mais ou menos? Analisar tudo o correu pessimamente para voltarmos a fazer melhor? Recordar tudo o que foi excelente e replicar?

Se a intenção for o saudosismo da análise da nossa vida, relembrando os bons momentos como quem vê uma comédia romântica, nada contra. Porém, se colocarmos “sal na ferida” para recordar as partes más do ano e reviver os pesadelos vividos, custa revisitar a dor.

Perante a dor ou o prazer da recordação, há quem prefira olhar para a frente. Ou, ainda melhor, olhar para o momento actual. O chamado “Agora”. E, para mim, o Agora é o melhor momento do mundo.

Reparem bem: aquilo que eu estou a viver neste exacto momento em que escrevo estas palavras é o mais importante da minha vida. Estou a respirar, inspirar e expirar, e este presente é a minha única realidade.

Quando a minha mente não está a reviver o passado, nem a projectar cenários futuros, e me concentro apenas e só naquilo que estou a fazer no agora, todas as células do meu corpo estão focadas apenas em mim. Sem ilusões, sem sonhos e sem balanços. Eu, comigo mesma, em perfeita harmonia com quem eu sou na realidade. Percepciono o que eu sinto, oiço a minha respiração e tenho atenção plena em mim.

Neste exacto momento em que vos escrevo, e já passaram 5 minutos depois do exacto momento do parágrafo sexto, a minha filha senta-se ao meu lado. Estamos ambas no sofá, ela com a cabeça no meu ombro direito, eu com a minha perna direita na sua perna esquerda. Este “agora” é o mais precioso presente que posso ter.

O Livro “O Poder do Agora”, de Eckart Tolle, leva a noção do momento presente a níveis bastante mais elevados, chegando mesmo a sugerir que é apenas na consciência do presente que podemos encontrar a paz e a libertação.

Não vou tão longe na minha reflexão de hoje, porque a minha noção de Agora é algo diferente da do Sr. Tolle. E, vendo bem as coisas, estou já a divergir bastante do tema que aqui me trouxe: fazer ou não fazer balanços do ano.

Bem, pelo menos este ano, pelos menos neste meu “agora”, não é importante fazer balanços, análises, classificações e diagnósticos de 2018. Já passou, já é história, já é passado. 2019 já chegou, entrou na minha vida com a calmaria desejada e vou deixá-lo fluir diáfano e sereno. Em mood de calma e em paz com o meu “agora”.

Votos de um feliz 2019 a todos os seguidores do Viver a Cores.

Carla Soares
Career Coach
www.coachcarlasoares.com

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