O Aluno Brilhante

O Aluno Brilhante

O Duarte era um aluno brilhante. Esforçado, chegava sempre a horas, estava atento nas aulas, quase sempre com o dedo no ar e com a resposta na ponta da língua. Quando saíam as notas — nos testes ou no final do período — destacava-se sempre. As melhores notas eram dele! Era sempre o mais elogiado dentro e fora da sala de aula e os pais estavam muito orgulhosos dele. O Duarte adorava aquela distinção. Era tão bom ser elogiado e admirado por todos!

Mas havia outros alunos que estavam na posição exatamente contrária. Nunca eram elogiados e parecia que nunca nada lhes corria bem! O Gonçalo, o José e o Henrique andavam muito perdidos na maior parte das disciplinas. Um dia, no fim de um jogo de futebol, conversavam os três sobre os seus fracos resultados.

— O que nós podíamos fazer era juntarmo-nos para estudar! Talvez juntos conseguíssemos melhores resultados! — exclamou o Henrique.

Todos gostaram da ideia. Combinaram logo para a tarde do dia seguinte, em casa do José. E foi ele que se lembrou:

— E se disséssemos ao Duarte para ir também? Ele também estudava e podia ajudar-nos quando tivéssemos dúvidas!

— Isso, vamos perguntar-lhe! Que boa ideia!

E procuraram o Duarte, mas ele já não estava na escola. O José, mal chegou a casa, ligou-lhe e fez-lhe a proposta. O Duarte ficou meio gaguejante:

— Oh, amanhã não posso, tenho de ir às compras com a minha mãe…

— Oh, não importa! Nós vamos estudar todos os dias. Podes aparecer na quarta?

— Ah, na quarta tenho de ir…. vou… a casa da minha avó! E na quinta tenho natação e na sexta também acho que não posso porque vou sempre lanchar com o meu primo. Ele vai ensinar-me uns truques novos. Aquele do skate, sabes?

O José sabia, claro. Mas ficou triste. Ainda lhe perguntou se sábado ele estava livre, mas o Duarte parecia ter o fim de semana também muito cheio. Nada feito.

No dia seguinte deu a notícia aos outros, mas cheio de energia:

— Nós os três conseguimos!!!

O Gonçalo estava com poucas esperanças, mas o Henrique e o José pareciam tão confiantes! O plano avançou. Todas as tardes, no fim das aulas, os três amigos juntavam-se em casa de um deles e estudavam com afinco todas as matérias. Liam e sublinhavam, faziam esquemas e exercícios. Estavam determinados! Às vezes ainda convidavam o Duarte, mas ele tinha sempre muito que fazer.

O certo é que as notas dos três amiguinhos começaram a subir aos poucos. As horas de estudo depois das aulas pareciam cada vez menos difíceis e mais divertidas! E começavam já a ser muito elogiados pelos professores e pelos pais, o que lhes dava ainda mais ânimo.

No final do ano letivo houve uma grande surpresa: as melhores notas, as mais altas e as mais brilhantes, não pertenciam ao Duarte que, envergonhado, olhava para os colegas. O Gonçalo, o José e o Henrique tinham superado todas as expectativas! Os três, juntos, tinham conseguido vencer as dificuldades!

Vamos lá! Pensar com Calma faz bem à Alma!

— Achas que o Duarte era assim tão brilhante? Porquê?

— O Duarte é egoísta? O que é o egoísmo?

— Interessa assim tanto ser o aluno com melhores notas se não partilhamos o que sabemos?

— Ajudar os outros é uma perda de tempo?

— Com força de vontade e entreajuda podemos conseguir tudo? Tudinho?

Vanessa Martins

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