“Encontro”, por Ana Rita Alves

“Encontro”, por Ana Rita Alves

Flor desabrocha da sua capsula protectora.28 anos. Podiam ser 15, 13, 6, 18…são 28 anos.

É agora que me escrevo. Que te escrevo, também a ti. “Calhou” assim…

Lembro-me, com as cores todas, da sensação de infinita energia, despreocupação, alegria (só porque sim), VIDA, que sentia, tinha e era, em criança. Talvez até aos 6 anos… Não sei ao certo determinar, quando me comecei, lentamente, a perder de mim…da minha verdadeira essência. Nessa altura, não tinha consciente, nenhum propósito de vida, nenhuma noção daquilo que seria, e é, a minha “lenda pessoal”. Isso não era um conceito que conhecesse sequer. E não foi, até bastante tarde. Só que, essa consciência também não era importante, nessa altura. Até porque vivia, sem condicionalismos, mentais, emocionais, sociais…energéticos, espirituais. Era livre! 🙂 Como as crianças são. Depois, fui-me prendendo. Por um motivo. Por vários. Fui-me prendendo.

Essa prisão, alterou e altera, tudo… estados de espírito, escolhas, oportunidades, apetite, a forma como te relacionas contigo e com toda a gente à tua volta. E, nesse processo, de “auto-aprisionamento”, estás consciente do que está a acontecer contigo. É como se te tivessem agendado uma “operação de tranformação à alma” (que em vez de durar umas horas, dura anos), só com anestesia local, sem anestesia geral. Estás consciente de tudo o que se está a passar, mas não te consegues mexer, dizer para pararem, porque está a doer. E o tempo vai passando. De vez em quando, lá consegues dizer alguma coisa. Dizes: “Alguma coisa não está bem. Algo não está igual.” Tentas pôr uns “pensos rápidos” nas feridas, algumas já em processo de cicatrização. Alguns pensos rápidos até curam alguma coisa… outros até pioram tudo. Mas… vais continuando. Porque és forte. És muito mais forte do que te atreves a assumir que és. E é por causa disso… que também aguentas tanto tempo. Sem dizer que já não dá mais. Que já não é mais possível, suportar o facto de não te reconheceres mais. A tua alegria de viver parecer ter desaparecido, irremediavelmente. A tua energia… sem reservas, aparentemente, para sempre. Que acabou. Que todas as tácticas dilatórias que utilizas..naqueles assuntos que queres resolver, e que se repetem, ciclicamente, na tua vida, já te são insuportáveis. Não dá mais. Mas queres resolver isto. Contigo. Porra! 🙂 É vital.

E aí aparece alguém. Uma solução. Aparece porque tu queres muito curar-te. Ser feliz. Amar. Amar-te. É o que tu mais desejas na vida. Realização, Amor. Chega de confusão. Chega de culpa. Chega de vitimização. De desculpas. De adiar felicidade.

Então aparece…

Pra mim foi o “coaching”. Um “coaching”que inclui terapias alternativas. Ainda assim, é “coaching”, o nome deste processo.

Conheci a Vanda Santos, no 1º Retiro que o Viver a Cores organizou, no final de 2016.

Lembro-me que tivemos uma empatia automática. Ela entendia-me. Aquele entendimento que existe entre duas pessoas, que não se exprime em palavras. Entendimento de dois seres que se reconhecem (conhecem), talvez seja isso…

E fui.

E continuei a ir.

E está tudo diferente.

Nessa altura particular, da minha vida, tinha chegado a mais um ponto de intoxicação emocional e energética…que o meu corpo manifestou da forma mais violenta por que alguma vez tinha passado. Aquela tosse não passava. Estive quase 2 meses a tossir, nada fazia aquilo passar. Incrível. Coincidiu com a altura em que também parei de fumar.

O que aconteceu foi que, tinha chegado o momento. Momento de parar. Momento de resgate, de mim própria. Na altura, não sabes exactamente que é isso. Vês mais tarde.

Passaram-se 3-4 meses do retiro. Talvez 3… e “por acaso”, vi uma publicação da Vanda, no site do Viver a Cores, sobre “Coaching”. O que é exactamente isso? Nesse mesmo dia, enviei uma mensagem à Vanda. Quis saber o que era aquilo.

Tudo o resto, que procurara, tinha ajudado…mas sempre sem a consistência que precisas para acordar… de vez! Pra mim própria. De mim mesma…

Ela explicou. Decidi experimentar. Mal não me ia fazer, de certeza. “Deixa ver. Quero ficar melhor, quero ser muito melhor comigo. Quero deixar comportamentos, pensamentos, que em nada contribuem para a minha evolução. Quero ser muito mais minha amiga. Estar bem comigo, para poder também dar o melhor de mim, aos outros. Bora lá. Rita, tu consegues”… Tipo de pensamento que tive, antes de começar.

E fui.

E continuei a ir.

E está tudo diferente.

Há uns anos, ouvi alguém dizer que, ciclicamente, precisamos de mudar tudo, para que fique tudo igual. Só agora percebo melhor o conteúdo disso. “Igual”, no sentido originário do termo. Igual ao que era no início, quando nascemos =) quando éramos pequenos. Quando éramos nós.

Acredito que as respostas aparecem mesmo para quem precisa delas, para quem as procura com humildade. Com abertura. Com amor e esperança no coração.

E garra.

Uma coisa é certa…vai tudo correr bem. 🙂

Vai tudo ficar bem.

O maior segredo, no meio de tudo isto, é a “técnica” que mais sentido me faz, na procura do real bem-estar e alegria de viver, é, sem qualquer dúvida, viveres no presente.

Procurar essa atenção no momento, no agora. Na pessoa com quem estás a falar, na tarefa que estás a fazer, no gatinho de quem estás a cuidar, na comida saborosa que estás a preparar, e agora a comer, nas cores daquelas flores lindas, por que passas…nos olhos lindos da pessoa com quem estás a comunicar!!

Procurar isto, todos os dias, é a cura mais poderosa. Que encontrei. Que estou a encontrar.

Há altos e baixos. Há momentos de retrocesso. Há. Mas sentes-te a andar, no teu caminho. Naquele que é só teu. E não num mundo de apatia. De anestesia geral…porque sentir dá medo…lidar com o que sentimos, pode ser avassalador.

Só que enquanto não te permites sentir, andares a fugir de sentir, de seres tu própria(o), a insatisfação, com tudo, não vai embora. A alegria de viver vai teimar em não entrar.

Vamos…? 🙂 É só…ser o que somos!

Abraço imenso a todas as pessoas lindas, que se procuram, e que se encontram, sempre«

Ana Rita Alves

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