A relatividade de quase tudo!

A relatividade de quase tudo!

E=mc2 – A energia de um corpo, corresponde à sua massa multiplicada pela velocidade da luz ao quadrado.

A teoria da relatividade chegou-nos no início do seculo XX, pelas mãos e pelo cérebro, do genial Albert Einstein. Explica como o tempo e o espaço são relativos e a forma como dependem do ponto de vista do observador.

Apesar de odiada por muitos, pelo grau de dificuldade que lhe está subjacente, esta teoria, é sem dúvida uma enorme contribuição científica para a humanidade.

Não se assustem, não pretendo aprofundar esta fórmula, mas sim servir-me dela como pontapé de saída para a mensagem que quero partilhar.

Pretendo sim, refletir sobre o que nos rodeia, sobre este enorme Centro de Interpretação, o Universo. Esta montra fabulosa que tantas vezes descoramos.

Um pássaro numa gaiola, que mensagem vos sugere?

Talvez para uns, um ato de amor, afinal estamos a proteger um ser vivo e a alimenta-lo. Para outros, no entanto, será um ato de puro egoísmo, que subtrai a liberdade a uma ave.

Eu própria, anos passados, tive pássaros em casa, enjaulados. Hoje claramente, sem hesitação alguma, seria incapaz de o fazer.

Animais exibidos num qualquer circo, que vos sugere?

Para uns, uma forma de ganhar dinheiro, vendendo diversão a miúdos e crescidos, para outros, exploração, maus tratos, desrespeito para com tantos seres vivos.

Durante muitos anos, também eu batia palmas a este espetáculo. Hoje estou completamente contra e sou daquelas pessoa, que aplaudiria de pé, uma alteração à lei, que proibisse e punisse, qualquer espetáculo deste género.

A velocidade a que as horas correm e que os dias se sucedem, que vos sugere?

Já pensaram que em criança, sobravam horas, os dias corriam tranquilos, sem pressas e chegava até a haver tédio na lentidão do tempo?

Mas afinal, cada dia continua a ter as mesmas 24 horas!

Talvez a diferença esteja num fato muito simples. A criança vive cada momento, sem trazer o peso do passado às costas, sem pensar no amanhã. Estão verdadeiramente presentes, no presente.

Um semáforo que fica vermelho e nos obriga a parar num qualquer cruzamento, ou passadeira, o que vos sugere?

Umas vezes, bufamos, porque queremos chegar a algum lado e estamos momentaneamente impedidos, outras vezes porém, porque estamos distraídos a olhar para o telemóvel, a retocar o batom, ou simplesmente embalados nos nossos pensamentos, nem damos por o tempo que ali estamos.

A tourada, que vos sugere?

Para uns, um espetáculo, uma arte, uma tradição, uma forma de obter benefícios económicos, para outros, uma barbárie, um desrespeito para com os animais, violência legitimada pelas leis de um país primitivo.

Observar uma pessoa parada numa atitude contemplativa, o que vos sugere?

Para uns será alguém que não está a fazer nada. Para outros, um momento precioso de introspeção, de busca interior.

Analisar o mundo global, o que vos sugere?

Uns afirmam que está melhor, sente-se o progresso, há mais abertura, mais oportunidades. Outros dizem que existe cada vez mais, um fosso entre países ricos e pobres, que assistimos a um consumismo desenfreado, a um crescendo de guerras, com muitos milhares de vidas desfeitas.

A felicidade, o que vos sugere?

Para uns ser feliz, passa por jantar em restaurantes com estrelas Michelin, ter carros de grande cilindrada, fazer viagens exóticas, vestir modelos de costureiros famosos, para outros, basta partilhar uns sorrisos, uns abraços, ainda que o dinheiro seja escasso.

Quando algo de aparentemente menos positivo acontece, o que vos sugere?

Para uns, uma contrariedade, um motivo para dizerem mal de tudo, para lamentarem a sorte. Para outros, uma oportunidade para aprender e evoluir.

O Universo está aqui para nós! Somos livres de o ler, de o sentir com o ‘nosso radar’.

Seremos nós destorcedores da realidade?

Existirá verdadeiramente uma realidade?

Talvez existam tantas realidades quantos os seres vivos à face da terra. Talvez até mais!

Não teremos nós várias interpretações de uma aparente mesma realidade, conforme o nosso estado de espirito, as nossas memórias, as nossas experiencias?

Cada um capta, com a sua objetiva, uma imagem diferente, de uma mesma paisagem.

A cor azul, é, e será sempre azul (exceção feita aos daltónicos), no entanto, provoca em cada um, diferentes emoções e sensações, já pensaram nisso?

Tantas e tantas vezes sentimos que temos tudo controlado e vem a vida, dá uma volta e lá se vai o controlo.

Quantas e quantas vezes os pais tentam contrariar os filhos na hora de escolher um curso, só porque creem que o importante é ganhar dinheiro, ter um futuro risonho atropelando o mais básico direito da escolha livre?

 

Quem está certo? Quem está errado?

Acredito que todas as opiniões são válidas. O meu ponto de vista, não é – O ponto de vista – é só mais um ponto de vista!

Cada um tem a sua razão.

A relatividade mostra-nos como mudamos ao longo da vida. Porque acredito na mudança constante, apesar de haver ainda muitas pessoas que afirmam a pés juntos, que se mantêm fieis às suas opiniões e que jamais mudarão.

Eu própria já defendi as minhas convicções, como se fossem elas as únicas válidas. Achava eu, que tinha a clarividência suprema de ver tudo de forma correta. A opinião dos outros, só existia para ser desmontada pelos meus argumentos. Sim, felizmente a vida trouxe-me ensinamentos, com eles aprendi a ser mais tolerante, mais ouvinte. Mudei!

A perceção desta relatividade, trouxe-me até mais fluidez na escrita, retirou-me o peso, o medo de me expressar livremente.

Infelizmente a intransigência está bem viva no nosso mundo e estará ainda longe, o dia em que se deixará de matar, por haver diferentes credos, diferentes religiões, diferentes opiniões, isto enquanto a cegueira do poder e a ganancia, estiverem presentes.

Veja-se a forma, tantas vezes grotesca, com que se manipulam até dados económicos, para produzir um determinado efeito no público-alvo.

Atropela-se o próximo, para garantir o nosso benefício e isso é válido entre tantas famílias, no seio das empresas e claro entre países!

Temos um grande trabalho interior a fazer, com carinho para com o nosso EU! Aprender a relativizar, a tolerar e a aceitar a mudança.

Esta é uma visão muito minha, só esta, posso verdadeiramente partilhar, certa ou errada? Não sei, tudo é relativo!

Relatividade

Mudança

Pontos de vista

Tolerância

Paula Castanheira (Texto)
Ângela Rego (Foto)

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