Pegada Ecológica: Alimentação Equilibrada

Pegada Ecológica: Alimentação Equilibrada

Um dos setores com maior influência na Pegada Ecológica de uma população é o da alimentação.

Com este setor a pesar 32% do total da Pegada Ecológica de Portugal, será necessário alterar hábitos alimentares se quisermos reduzir o nosso impacto sobre o planeta. Isto porque se todos os países do mundo tivessem a mesma pegada ecológica que nós, seriam precisos 2,3 planetas para sustentar o nosso atual consumo de recursos.

Segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística, o consumo total de carne por habitante em Portugal tem apresentado uma tendência crescente ao longo dos anos. Em 2016 o consumo foi além dos 112 quilos de carne por habitante.

Para além do impacte ambiental associado à poluição da água, à degradação do solo e à perda de biodiversidade, o setor da pecuária contribui com 14,5% para as emissões globais com efeito de estufa, mais do que o setor dos transportes.

O impacto provém essencialmente da flatulência dos animais (fermentação entérica que ocorre no processo digestivo dos bovinos, ovinos e caprinos, produzindo metano), assim como da gestão de estrume, produção de ração (e.g. uso do solo, uso de fertilizantes) e consumo de energia.

Uma alimentação menos baseada em proteína animal não tem apenas influência positiva no ambiente. São reconhecidos benefícios também para a nossa saúde, tendo em conta o elevado consumo de proteína animal que prevalece atualmente na dieta ocidental.

A Direcção-Geral da Saúde lançou em 2015 um manual que vale a pena ler: “Linhas de Orientação para uma Alimentação Vegetariana Saudável”. Nele diz-se que, quando bem planeadas, as dietas vegetarianas são saudáveis e adequadas em termos de nutrientes para todas as idades, podendo ser úteis na prevenção e tratamento de algumas doenças.

Uma curiosidade: o Governo Chinês anunciou recentemente que pretende reduzir o consumo de carne em 50% até 2030, como forma de melhorar a saúde pública, contribuindo simultaneamente para a redução significativa das emissões de gases com efeito de estuda do país. As diretrizes alimentares lançadas pelo ministro da saúde chinês incentivam a população a reduzir o consumo de carne para valores entre 40 a 75 gramas por pessoas por dia.

Eu sou defensora de uma dieta diversificada, tanto a favor da minha saúde como pelo equilíbrio do planeta. Por isso há alguns meses que comecei a reduzir o consumo de carne para duas ou três vezes por semana, uma vez que constituía uma fatia muito grande da minha alimentação, da qual não sinto falta.

Nem sempre é fácil mudar hábitos que trazemos desde há muitos anos. Mas existem diversas iniciativas que nos podem ajudar a mudá-los.

O movimento global das segundas-feiras sem carne é um bom exemplo disso. Existe desde 2003 nos Estados Unidos da América e está atualmente presente em mais de 20 países, incluindo em Portugal. Este movimento incentiva as pessoas a, pelo menos uma vez por semana, abdicarem de refeições à base de carne, através, nomeadamente da partilha de receitas nos websites da iniciativa em várias geografias: www.2semcarne.com (Portugal), www.meatfreemondays.com/ (Inglaterra), www.meatlessmonday.com/ (Estados Unidos da América).

Aliando este movimento aos inúmeros websites de autores de livros de cozinha vegetariana, e respetivos workshops, teremos os ingredientes necessários para substituir, total ou parcialmente, a proteína animal pela vegetal, provando que a substituição não significa haver carência de nutrientes, e que há imensa diversidade de pratos a confecionar, igualmente saborosos e a preços acessíveis.

Aos interessados, aconselho a visitarem o website www.whatthehealthfilm.com/vegan-challenge e a desafiarem-se com o exercício de adotar uma alimentação sem recurso a proteína animal durante 30 dias. Mesmo que não sigam à risca, com este desafio terão algumas das dúvidas respondidas sobre este tipo de alimentação através de vídeos e podcasts.

Inês Gomes

Fontes de informação:

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