A batida do nosso Ser

A batida do nosso Ser

O meu interesse pela música já vem de longa data. Comecei cedo, quase por acidente, e fui evoluindo aos poucos ao longo do tempo. Desde música de rancho, pop, orquestra, até ao músico de fim de semana que teimo em manter. Na minha incursão pela música fui aprendendo alguma teoria musical (pouca) e fui descobrindo aos poucos quais os componentes básicos de uma música – os “alicerces” e as “paredes” de uma música. Depressa descobri e estruturei o que fui aprendendo. Toda a música começa num único lugar. No Ritmo. Por isso, se queremos aprender e evoluir na música, é no Ritmo que

Curiosamente, numa palestra que assisti há pouco tempo sobre educação e os condicionantes da educação de uma criança, falou-se do tempo das crianças. O que se dizia na palestra era que as crianças não sabem o que é o “tempo mensurável” – 5 minutos, 1 dia, 1 ano. Mas crianças entendem bem o “ritmo do tempo” – as estações, o dia e a noite, o ciclo de comer e depois ter fome, etc. (Nos entretantos da palestra, ficou uma referência à lenda de Kronos e Kairos, mas isso fica para outra “palestra”.)

Nem de propósito, este fim de semana o meu filho pediu para tocar num Tambor Xamânico.

– Pai, posso tocar no tambor?
– Sim, filho. Mas deixa-me explicar uma coisa. – E expliquei de que era feito o tambor (a pele do animal) e que deveríamos usar o tambor com respeito.

– Pai, porque é que é usada a pele da cabra no tambor? – Das muitas coisas que podia explicar, decidi ir para a explicação mais “emocional”, pois é isso que as crianças entendem bem. Dei uns segundos à minha mente para organizar o pensamento e saiu-me qualquer coisa deste género.

– É usada a pele de cabra para o animal, porque assim o tambor tem também o ritmo do animal. Sabes qual é o ritmo dele? É o bater do coração. Queres ouvir o meu coração a bater? – Encostei o ouvido dele ao meu peito e deixei-o ouvir o meu bater do coração.
– E agora consegues fazer no tambor o meu bater do coração? – E ele assim o fez, dando batidas muito leves no tambor, ao ritmo do meu coração (que sensação deliciosa!!!!).

Daí, continuámos a ouvir os nossos corações e a imitar o som no tambor, sempre em harmonia e em família. A seguir, quero trazer outros ritmos da natureza para imitarmos no nosso Tambor. Trazendo os Ritmos da Natureza até nós, pela nossa percepção e entendimento.

José Martins

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